quinta-feira, 6 de setembro de 2012

nestas alturas, uma explosão de palavras podia servir para apaziguar uns nervos incompreendidos do futuro e até mesmo do dia de merda que se teve. como a sorte distribuiu as cartas aleatoriamente e quando chegou a minha vez nada havia como premio de participacao, o silencio saiu-me na rifa para toda uma vida que ninguém ousa perturbar ou compreender.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

essa coisa, mania, vá, que as pessoas têm de puxar o coitadismo, de sacrificarem a sanidade mental por quem nem sabe o seu nome do meio, por alguém que nunca estende a mão sem pedir algo em troca, dá-me umas voltas ao estômago. se essas pessoas nem para devolver um bom dia são educadas, por que raio haveria alguém de se conformar e encolher os ombros, retorquir um «é do feitio dela»,e seguirem todos tolinhos e amigos fingidos-mais-fingidos-não-há a fazerem-se de parvos. mas que feitio, vamos lá a saber, que mau feitio tenho eu e sei quando o usar. é falta de carácter, boas maneiras, educação, pessoas. aprendam.

domingo, 12 de agosto de 2012

de escrever

aprendi a escrever muito cedo, na pré-escolar, aos 3 anos. na primária, claro, levava algum avanço. lembro-me de ser muito rigorosa com a letra e atenta aos erros. não me lembro de dar trocar os «ç» pelos «ss», de separar as palavras por sílabas erradamente (sabe-mos, lembra-va...); lembro-me de interromper os ditados quando surgia uma palavra pouco usual ou que nunca tinha ouvido para saber o que significava e tentava escrever a palavra da maneira que me soava melhor. era um prazer. adorava ditados, adorava a composição (a minha mãe insistia em dizer 'redacção') de 2ª feira em que contávamos o fim de semana. eu nunca tinha grandes eventos a partilhar. fantasiava um pouco ou então relatava tudo com pormenores mais embelezados e com ilustrações.
alguns anos depois, descobri um diário de um familiar. não sabia qual o conceito de um diário, mas sabia que era algo intímo, porque na minha cabeça algo que tinha uma fechadura e uma chave era privado e estava seguro. e ainda assim penso. a dona do diário deu-mo para ler. assenti e li. estava cheio de poemas reles, frases feitas, rimas que detestei. escapou um ou outro que usei mais tarde mas que soavam tão mal que acabei por os alterar. sempre fui assim, quando algo não é inteiramente meu, e porque me identifico  apenas com algumas coisas, altero o texto para que fique mais meu. (com os devidos créditos). escrever era óptimo, partilhar o que sentia e pensava tornou-se ainda melhor. e exageradamente melhor. cheguei a usar 3 diários num verão. sim, com saídas, com idas à praia, sem estar fechada em casa. mas tinha muito para dizer e para falar com a minha memória. comecei a ficar obcecada com a ideia de ser descoberta, lida a fundo. a própria ideia me deixava cheia de vergonha e embaraço; eu própria não relia o que tinha escrito, aquilo era o meu poço do pensamento - tirava os pesos da minha mente para poder encher com outras coisas (boas de preferência). arranjei um código especial, mas fartei-me. arranjei um namorado e fartei-me de escrever. simplesmente. nada mais havia a partilhar.
arranjei um desgosto e a mente (ou a dor) veio pedir conforto e quase sufocava para dizer o que quer que fosse quanto mais escrever. faltava-me a coragem e a vontade, tudo me parecia inoportuno: as palavras, expor acontecimentos, especialmente o rancor. mas afinal de contas escrever é parte de mim, desde pequena. ignorar esta parte é quase deixar de ser quem sou inteiramente, por isso comecei a escrevinhar aqui e por ali, num blogue e depois noutro e finalmente neste.
este, que foi criado na melhor fase da minha vida, que me devolveu o meu eu por inteiro, onde posso ser cautelosa sim e partilhar apenas o necessário e o essencial: eu :)